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O Brasil é reconhecido internacionalmente por sua matriz energética limpa e pela abundância de fontes renováveis. No entanto, o setor vem enfrentando um crescente desafio: os cortes de geração de energia, conhecidos como Curtailment. Esse fenômeno tem impactado diretamente a viabilidade econômica dos projetos em operação, dificultado muito a operação diária das usinas e diminuindo a confiança de investidores em novos projetos de usinas geradoras.  
   

Uma fonte renovável gigante, mas limitada pela infraestrutura e demanda   

Desenvolvimento: Nos últimos anos, observou-se um crescimento expressivo da geração renovável, especialmente no Nordeste, região que concentra grande parte do potencial eólico e solar do país. No entanto, essa mesma concentração geográfica, aliada a limitações na infraestrutura de transmissão e ao descompasso entre oferta e demanda, tem levado à necessidade de cortes periódicos na geração.  

Dados de 2024 ilustram bem essa realidade dos cortes de energia, onde vemos um aumento significativo das restrições, tendo seu pico em setembro de 2024 com 16,5% da geração de energia restrita, entre os meses de julho a setembro temos a chamada “safra dos ventos” o que auxilia o aumento dos cortes de energia para essa época do ano.   

 
Figura 1: Evolução das restrições dos cortes de energia no ano de 2024 discretizadas por mês em % do potencial de geração.* 

*Fonte: ONS 

Resolução Normativa n° 1.030 e a classificação regulatória dos cortes: REL, CNF e ENE 

Desenvolvimento: Para organizar e regulamentar os cortes de energia, a ANEEL publicou em 2022 a Resolução Normativa nº 1.030, que define três tipos de Curtailment:  

• REL (Razão Elétrica): cortes motivados por indisponibilidades externas, como problemas nas instalações de transmissão.  

• CNF (Confiabilidade): relacionados à segurança elétrica do sistema, também por fatores externos à usina.  

• ENE (Energética): ocorrem quando há excesso de geração em relação à demanda e não é possível alocar a energia gerada.  

Dentre esses três tipos, apenas os cortes classificados como REL são passíveis de ressarcimento financeiro aos geradores. Mesmo assim, a compensação só é devida quando ultrapassada a franquia de horas definida com base na indisponibilidade histórica do sistema. Para consulta da franquia de horas, basta acessar o site da ONS e ir em Resultados da Operação > Histórico da Operação > Número de horas de indisponibilidade média das funções de transmissão, selecionar os últimos 5 anos anteriores, o número apresentado é para as eólicas, para os solares o valor é a metade desse número. Em 2025, esses valores se encontram em 82 horas para usinas eólicas e 41 horas para usinas solares. 

O serviço de gestão dos dados de Curtailment 

Desenvolvimento: Entendendo o desafio que os cortes de geração têm causado aos agentes geradores, e considerando que a Way2 se posiciona como uma parceira para aumentar a eficiência operacional dos seus clientes, criamos um serviço de gestão dos dados de Curtailment. Esse serviço disponibiliza aos clientes um dashboard interativo e detalhado, desenvolvido dentro da Plataforma Integrada de Medição (PIM). Esse ambiente reúne, de forma automatizada e visual, todas as informações coletadas e tratadas a partir dos dados do módulo SAGER, possibilitando um acompanhamento completo dos impactos causados pelas restrições. 

Os dados do SAGER são atualizados diariamente às 12h e às 19h. A Way2 realiza a coleta automática desses dados uma vez ao dia, às 20h. Após a coleta, os dados passam por uma análise com o objetivo de identificar possíveis inconsistências, por exemplo, comparando os dados de geração verificada da ONS com os dados do sistema de medição de faturamento (SMF). Caso alguma discrepância seja encontrada, o cliente é avisado automaticamente por e-mail e tem um prazo de 72 horas para contestar o dado de geração junto ao ONS. Essa, por exemplo, é uma das validações realizadas pela nossa solução. 

No dashboard desenvolvido, o objetivo é apresentar os dados de Curtailment de forma fácil de visualizar e com rápida compreensão sobre a situação de cada empreendimento, além de gerar insights e indicar o valor potencial de ressarcimento. O dashboard conta com três abas principais: 

• Aba Patamares: o agente gerador pode visualizar os dados de geração verificada total (geração registrada na ONS e comparada com os dados do SMF para fins de contestação, caso haja discrepância), os dados de geração de referência (calculados com base na potência de saída da usina e em dados de velocidade do vento ou irradiância), e a geração frustrada (energia que poderia ter sido gerada, mas foi restringida). Além disso, essa aba apresenta os percentuais de cada um dos três tipos de restrição: REL, CNF e ENE. Todos esses dados podem ser filtrados por empreendimento gerador, ano, mês e motivo da restrição. 

• Aba Restrições: apresenta a quantidade total de horas de restrições e o valor de energia limitada, em MW. Nessa aba, há também um gráfico que mostra a quantidade de restrições do tipo REL por empreendimento, comparada com as horas de franquia. Esse gráfico demonstra quais usinas atingiram ou superaram a quantidade mínima de horas e, portanto, podem solicitar ressarcimento financeiro. Por exemplo: se a franquia é de 82 horas e o empreendimento teve 90 horas de restrição por motivo REL, ele pode solicitar ressarcimento por 8 horas, ou seja, apenas o excedente em relação à franquia. 

• Aba Perdas: apresenta a receita frustrada total decorrente do Curtailment, discriminada por tipo de restrição: CNF, ENE e REL. Conforme mencionado anteriormente, apenas as horas de restrição REL que ultrapassam a franquia são passíveis de ressarcimento e esse valor é denominado Constrained-off. Nessa aba, também é apresentado o valor total do Constrained-off, ou seja, o montante de receita que o agente gerador tem direito de ressarcimento. 
   

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Novidade regulatória: agentes já podem enviar dados de vento e irradiância   

Desenvolvimento: Um avanço recente traz mais esperança para os geradores: o OFÍCIO Nº 61/2025-SGM/ANEEL, publicado em 23/04, reconhece que falhas na comunicação e não na medição dos dados climatológicos não devem prejudicar os agentes. 

Como consequência direta, o ONS revisou o Módulo 5 – Submódulo 5.13, que trata da Apuração de Constrained-off para usinas eólicas e solares. Os itens 3.6, 3.9 e 3.10 foram atualizados para permitir o envio dos dados de velocidade do vento e irradiância pelos próprios agentes, nos casos em que houver falha na coleta em tempo real pelo ONS. 

O relatório SAGER, inclusive, já está trazendo novas colunas com essas informações de climatologia, e a Way2 está preparada para auxiliar os clientes também na gestão e validação desses dados. 

A Way2 oferece um serviço de gestão de dados climatológicos, que inclui a aquisição desses dados e a validação da sua consistência. Atualmente, atuamos com mais de um terço de todas as torres AMA do Brasil, além de diversas torres anemométricas do mercado livre e estações solarimétricas. 

Com a atualização da normativa, a Way2 passará a comparar os dados climatológicos já tratados, que mantemos em nossa base, com os dados disponibilizados pela ONS. Dessa forma, caso seja identificada qualquer avaria ou inconsistência, notificaremos o cliente para que possa contestar o dado junto ao ONS. 

Sobre o impacto positivo dessa ação, tomamos como exemplo uma usina eólica: na geração de referência da ONS, é utilizada uma curva que relaciona a potência da usina com a velocidade do vento. Caso ocorra uma falha na coleta em tempo real do dado de velocidade do vento, impedindo a ONS de capturá-lo corretamente, a geração de referência será considerada zerada. 

Como o cálculo da geração frustrada no Curtailment é feito subtraindo a geração verificada da geração de referência (ou seja, representa a energia que poderia ter sido gerada dadas as condições climáticas, mas foi impedida por alguma restrição), a ausência desse dado implica em uma geração frustrada igual a zero. Isso significa a perda total do valor que poderia ser considerado para fins de ressarcimento. 

Diante disso, a Way2 reconhece a importância da correção e integridade desses dados junto ao ONS, assumindo o papel de monitorar continuamente os dados climatológicos e orientar o cliente quanto à contestação, sempre que necessário. 
 

O impacto no mercado e a visão de futuro 

O cenário de cortes sistemáticos já impacta diretamente o mercado. Muitas empresas têm repensado seus investimentos. Os altos riscos operacionais, somados ao retorno financeiro incerto, contribuem para esse freio. 

A Way2, por sua vez, segue atuando para garantir que seus clientes tenham transparência, agilidade e respaldo técnico para lidar com os cortes de energia e todas as nuances da Resolução nº 1.030. Agora, com o avanço na aceitação de dados de climatologia, a expectativa é de que as margens de contestação aumentem e, com isso, mais perdas possam ser recuperadas. 

Fale com quem entende do mercado 

Para as geradoras, os cortes de geração (constrained-off) representam um desafio direto à viabilidade econômica dos empreendimentos. Nesse contexto, a gestão eficiente dos dados de medição e climatologia deixou de ser apenas uma rotina técnica, ela se tornou fundamental para garantir ressarcimentos, mitigar perdas e fortalecer a sustentabilidade financeira dos projetos. 

A Way2 oferece a estrutura, tecnologia e inteligência analítica necessárias para que seus clientes acompanhem, validem e contestem dados com agilidade e respaldo técnico. 

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