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Por Pâmela Rugoni e Nathália Viegas, Product Owner e Analista de Marketing na Way2 | 9 janeiro, 2023 | 0 Comentário(s)

Energia eólica: tendências para ficar de olho

O segmento de geração de energia eólica terá grande contribuição para acelerar a transição energética. Principalmente, neste momento, em que o mercado passa a olhar mais para as eólicas offshore, que no Brasil, têm capacidade de geração de aproximadamente 700 GW

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A transição energética está ganhando ritmo e não pode acontecer por si só. Precisa de inspiração, direção e uma visão clara do que está por vir. Esse processo envolve a implantação acelerada de tecnologias de eficiência energética e de energia renovável. Isso requer inovação sistêmica para combinar e alavancar sinergias de pesquisa entre todas as partes envolvidas: tecnologia, estruturas políticas, mercado e instrumentos de financiamento. 

Seguindo esta tendência, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) prevê que a matriz energética nacional deverá ser 50% renovável até 2030. Os dados estão no Caderno Energia e Meio Ambiente, um dos estudos da instituição ligados à construção do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2032. Dentro deste cenário, é preciso olhar com mais afinco para uma das fontes renováveis mais promissoras do país: a energia eólica. 

Com capacidade de produção de aproximadamente 25 gigawatts (GW), as usinas eólicas são vistas como meios para acelerar a transição energética, impulsionando a geração de energia limpa.   

Usinas eólicas offshore e seus principais desafios 

Os parques eólicos offshore são uma das inovações mais promissoras da indústria eólica. A colocação de turbinas eólicas em águas mais profundas facilita o aproveitamento das maiores rajadas de vento, de forma mais constante e sem barreiras. Essa tecnologia em energia ajuda os países a aproveitarem ao máximo os recursos eólicos, ao mesmo tempo em que revitaliza as comunidades costeiras e aproxima a produção de energia dos centros de consumo. 

O Brasil apresenta condições favoráveis para o desenvolvimento das usinas offshore e deve ser protagonista dessa indústria. Até porque, o potencial técnico estimado de geração de energia por eólicas offshore no Brasil é de 700 GW (equivalente a 50 hidrelétricas de Itaipu), segundo a EPE. O interesse nesta solução é evidente e atualmente o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) já contabiliza 66 projetos que solicitam a permissão para exploração de energia em águas marinhas, com potencial de gerar até 169 GW de energia. Número que impressiona, considerando que, hoje, o país gera cerca 180 GW somando todas as fontes.  

O Rio Grande do Norte, por exemplo, tem capacidade para instalar 54 GW de usinas eólicas offshore, além de poder dobrar a geração eólica onshore, conforme o Atlas Eólico e Solar do RN, documento responsável por identificar o potencial do estado no desenvolvimento de projetos ligados à energia eólica e solar.  

Panorama nacional 

O desenvolvimento do mercado de eólica offshore no Brasil deverá ser apoiado por projetos de hidrogênio verde, especialmente aqueles sem escoamento na rede de transmissão do país (projetos off-grid). Estima-se que o Brasil responderá pelo suprimento de cerca de 6% da demanda de hidrogênio mundial até 2050, com uma taxa de crescimento anual de 15% a partir de 2032, quando os primeiros projetos devem entrar em operação. E apenas 20% das instalações de hidrogênio verde no país devem ser provenientes de projetos conectados à rede de transmissão. 

Neste horizonte, a energia eólica offshore ocupará um papel essencial na economia do Brasil, na posição de liderança como exportador global de energia. Para isso, muitas etapas ainda precisam ser percorridas. Entre os principais desafios elencados pelos investidores estão: questões regulatórias, demanda limitada de energia, restrições na infraestrutura de transmissão, concorrência com outras fontes, profissionais capacitados, financiabilidade de projetos e problemas na cadeia de suprimentos. 

Investimento  

Entre as empresas que demonstram maior interesse neste segmento, destacam-se as petrolíferas, como Petrobras, Shell e Equinor. Isso porque as offshores representam uma alternativa para descarbonizar seus portfólios, ao mesmo tempo que aproveitam de suas experiências em alto mar e ter potenciais sinergias com operações de exploração e produção de petróleo e gás. 

Inclusive, ainda em dezembro de 2022, um acordo foi firmado entre a Shell e a Eletrobras visando a cooperação na troca de informações e identificação de áreas para desenvolvimento de projetos de energia eólica offshore.  

Regulamentação 

Alguns avanços já são observados no licenciamento ambiental e regulação para os projetos. No entanto, questões associadas à infraestrutura (transmissão de energia), cadeia produtiva nacional e custos ainda não foram endereçadas. O grande interesse da iniciativa privada levou o governo a editar decretos que dão os primeiros passos na regulação deste setor.  

Em uma das portarias, o Ministério de Minas e Energia (MME), junto com o Ministério do Meio Ambiente, cria um portal para gestão de áreas marítimas voltadas para as usinas; já uma segunda portaria estabelece diretrizes para a cessão onerosa de áreas para geração offshore. A intenção é ter os primeiros leilões já neste ano. 

Importância da sustentabilidade para a geração de energia 

O crescente reconhecimento de que o mundo está em uma emergência climática, impulsiona organizações a trabalharem com mais afinco em torno de questões relacionadas a ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance). Embora se espere que organizações tenham estratégias ESG maduras, muitas empresas ainda estão em um processo de educação e evolução – tentando entender o que ESG significa para elas e entender como seus negócios impactam as pessoas e o meio ambiente. 

A tendência de investimentos relacionados a ESG continua a crescer junto com os retornos. As empresas que negligenciam suas responsabilidades com a sustentabilidade podem ver uma deterioração nas classificações de investimento, acesso a capital, cobertura de seguro, rotatividade de funcionários, valor futuro e posição de mercado de reputação. Para permanecerem competitivas, as organizações devem levar a sério suas responsabilidades ESG e olhar para fora de suas organizações para avaliar até que ponto seus valores se alinham com aqueles em seu ecossistema. 

Nesse sentido, o setor de energias renováveis ​​deve manter um forte foco em suas práticas de saúde e segurança e seu impacto nas comunidades e ecologias locais. Ao mesmo tempo, as empresas devem investir em soluções tecnológicas que minimizem seus insumos intensivos de energia e água no processo produtivo.  

Certificados de eletricidade renovável  

A jornada para transição é alimentada por energia sustentável, visando neutralidade de carbono, seja por meio de compensação ou, no melhor cenário, com ações de redução de emissões. A compensação de carbono não reduz as emissões, mas visa destinar investimentos para projetos ambientais que possam equilibrar as pegadas de carbono geradas pela empresa. Sendo mais uma tecnologia em energia em alta nestes próximos anos.

Os certificados de eletricidade renovável (RECs), por exemplo, não são considerados compensadores de carbono, mas garantem a geração de um MWh adicional de eletricidade renovável. A compra de RECs também apoia o mercado de energia renovável, fornecendo um sinal de demanda ao mercado, o que, por sua vez, incentiva mais oferta de energia renovável. Dessa forma, os RECs não apenas ajudam as empresas a atingir suas metas de emissão de gases de efeito estufa – elas também incentivam a geração de mais energia renovável. 

Conferência das partes

Importantes agendas para discutir e definir os rumos da transição, as COPs (Conference of the Parties) são conferências anuais indispensáveis que tem como foco discussões sobre o clima do planeta. A COP26, que ocorreu em 2021, marcou cinco anos desde a assinatura do Acordo de Paris (um ano foi pulado devido a pandemia), e culminou no Pacto do Clima de Glasgow, mantendo viva a meta de conter o aquecimento global a 1,5ºC.  

Já a COP27, que ocorreu no ano passado, trouxe como objetivo iniciar o planejamento da implementação de todos os projetos pensados até aqui. Para o Brasil e para o segmento de geração eólica, o evento foi muito positivo, uma vez que pôde mostrar ao mundo a capacidade de geração de energia limpa. Uma vez que o país conta com uma matriz elétrica 84% renovável, frente aos 27% da média mundial. Muito deste cenário conta com a geração de energia por usinas eólicas, que até novembro de 2022 (mês em que ocorreu o evento) já havia produzido 22 GW. Além do grande potencial para a produção de energia eólica offshore. 

Outros temas para ficar de olho no segmento da geração de energia eólica 

Além das tendências trazidas anteriormente, existem outros temas que vão transitar pelo segmento de energia eólica: 

Constrained-off  

Um assunto que estará muito presente será o constrained-off de eólicas, que ocorre quando há solicitação de redução da geração das usinas, em decorrência de uma restrição operativa externa às instalações por ordem do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Essa redução acaba por gerar prejuízos para as geradoras e não havia uma regulação para ressarcimento das usinas.  

No entanto, em 2021, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) publicou uma resolução (REN 927/21) que prevê parâmetros e regras mais claras sobre o direito de ressarcimento às geradoras eólicas. Posteriormente, a resolução foi incorporada pela REN 1030/22, documento que traz as informações sobre quem tem direito à restituição e quais as normas para obtê-lo. 

Tecnologias para O&M  

Quando o assunto é operação e manutenção de usinas eólicas, sempre há espaço para inovação e melhorias. A inteligência artificial (IA) é uma das tecnologias com maior potencial para contribuir nessa tarefa a curto prazo. Um dos focos de destaque dos projetos dessa natureza está em solucionar um dos grandes problemas da energia eólica: a manutenção preditiva.  

Graças à IA e ao aprendizado de máquina, as anomalias podem ser detectadas e as falhas previstas antes que ocorram, resultando em maior eficiência operacional e economia significativa de custos. Em geral, tecnologias que olhem para a coleta e disponibilização de dados de monitoramento da operação, ou que contribuam para gestão de indicadores, como performance, seguem em alta neste segmento, visto a relevância que geram para o negócio.  

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