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Por Mateus Lima, Product Owner na Way2 | 25 março, 2022 | 0 Comentário(s)

Saiba como a jornada “data driven” pode ajudar sua empresa a alcançar a maturidade energética

Com a oferta de ações que levam à otimização da operação energética da empresa, a exemplo da digitalização de dados, a jornada “data driven” proporciona uma gestão de energia mais estratégica, assertiva e eficaz

data driven

A eficiência energética é um ponto discutido dentro da sua empresa? Você aplica ações para alcançar a maturidade energética no seu negócio? Pois este é um desafio presente em milhares de empreendimentos que focam na redução de custos e na otimização de suas operações. 

Para basear a tomada de decisões com segurança, muitos gestores têm investido cada vez mais no uso de dados. No entanto, tornar o negócio mais competitivo e focado em uma gestão energética eficiente não é uma tarefa fácil, e é neste momento que a jornada “Data Driven” faz toda a diferença. 

O termo se refere a um modelo de trabalho que incorpora a análise de dados de forma sistêmica dentro da empresa. Assim, por meio do gerenciamento de dados e incluindo também o conceito de “Efficiency Driven Economy”, é possível traçar uma estratégia muito mais assertiva e eficaz. 

Primeiros passos da jornada “Data Driven”

O primeiro passo para alcançar a maturidade energética é se perguntar: como os dados estão inseridos no contexto da minha organização?

Você terá uma visão sobre quão maduro está o seu negócio e, a partir disso, investir cada vez mais em processos de alto desempenho que geram eficiência, reduzem desperdícios e consequentemente, aumentam sua vantagem competitiva.

Mas, e se você não souber responder a esta pergunta?

Preparamos um guia com 10 passos para você atingir a maturidade energética dentro da sua empresa. Através de um questionário você poderá avaliar em qual etapa seu negócio se encontra e, com isso, ter acesso a dicas sobre como evoluir nesta jornada!

maturidade energética

Quais são os benefícios da jornada “Data Driven” para o seu negócio?

Se você já descobriu o nível de maturidade energética da sua empresa ou já tem uma visão definida sobre quão maduro está o seu negócio, é hora de entender os benefícios de implantar a jornada “Data Driven”:

  • Digitalização das informações: a digitalização dos dados faz parte da jornada “Data Driven” e permite que o acesso e o compartilhamento das informações ocorra de forma mais direta e fácil, dando visibilidade e agilidade na hora de produzir um relatório, por exemplo. 
  • Otimização de processos: à medida que o processo de maturidade evolui e as informações ficam cada vez mais acessíveis, você acaba otimizando toda a operação da sua empresa. 
  • Histórico da operação: a digitalização das informações nos permite armazená-los de forma a criar um banco de dados que pode ser acessado facilmente. Assim, fica cada vez mais fácil encontrar informações e analisar ações passadas.
  • Decisões baseadas em dados: quando você tem um acervo de dados, pode realizar análises históricas e entender o que vem acontecendo na sua empresa. Esse cenário proporciona insights mais precisos e dá aos gestores a capacidade de atuar de forma mais certeira nas dores identificadas.
  • Previsibilidade: com informações históricas e um banco de dados bem estruturado, você poderá realizar previsões sobre cenários futuros e tomar decisões mais assertivas sobre os próximos passos.

Todos esses benefícios se enquadram nas ações de eficiência energética que devem ser aplicadas para que a empresa alcance a maturidade na sua gestão de energia.

Por que o “Efficiency Driven Economy” é importante para o seu negócio?

Sabia que o Brasil possui diretrizes que colocam a economia do país em um patamar orientado à eficiência? Pois foi este o cenário apontado pelo estudo The Global Competitiveness Report 2017–2018, publicado pelo WEF. 

O dado mostra que o Brasil está buscando cada vez mais oportunidades de melhoria em seus processos e serviços, oportunizando vantagens competitivas baseadas na redução de custos e, no setor elétrico, esse cenário não é diferente. 

As empresas que se orientam pelo conceito do “Efficiency Driven Economy”, são altamente competitivas, porque querem se destacar no mercado e buscar ações de eficiência energética para otimizar suas operações. 

O conceito surgiu através de um estudo, realizado anualmente pelo World Economic Forum (WEF), para auxiliar stakeholders a compreenderem melhor os desafios e complexidades do desenvolvimento da economia nacional. 

Segundo o Global Competitiveness Index, existem três classificações, com base no nível de desenvolvimento econômico:

  1. Economias orientadas por fatores (Factor Driven Economies): que refere-se às economias menos desenvolvidas, com forte predominância da agricultura de subsistência, negócios extrativistas e  dependência de mão de obra não qualificada.
  1. Economias orientadas pela eficiência (Efficiency Driven Economies): economias com mercados cada vez mais competitivos, com processos produtivos mais eficientes e produtos de melhor qualidade, sendo importantes drivers da construção de vantagens competitivas.
  1. Economias orientadas pela inovação (Innovation Driven Economies): economias mais desenvolvidas, em que os negócios possuem grande investimento tecnológico e educacional, cenário em que o setor de serviços se expande e a inovação se dá como maior vantagem competitiva.

Quais soluções podem ser implementadas para alcançar a maturidade energética?

Sabemos que existem várias oportunidades que podem ser exploradas para que uma empresa consiga produzir mais, reduzindo o consumo de energia. No entanto, é fundamental que os gestores conheçam profundamente sua operação, quais são seus processos mais eletrointensivos e quais são os equipamentos associados. A partir disso, é possível ter uma visão clara sobre as melhores oportunidades de economia. 

Medição por setores

A medição setorial de dados em tempo real permite que os gestores de energia possam entender de forma granular como funciona o perfil de consumo da empresa. E, a partir disso, traçar estratégias como modulação de carga, alocando processos flexíveis em horários em que a energia é mais barata. 

Armazenamento de energia

Outra abordagem bem conhecida e cada vez mais acessível, seria a implantação de um sistema de geração e armazenamento próprios, em que módulos fotovoltaicos, por exemplo, podem gerar energia e armazená-la para o abatimento do consumo. Assim, as baterias armazenam o excedente para utilizar em horários em que a tarifa de energia é mais cara e a empresa dá mais um passo em direção à maturidade energética. 

Cogeração qualificada 

Além de armazenar a energia em bancos de baterias, as empresas podem combinar outras formas de geração própria para reduzir ainda mais os desperdícios, como no caso da cogeração qualificada. 

De acordo com o Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE), sistemas convencionais de geração de energia termelétrica possuem – por limitação física que independe do combustível – uma conversão de no máximo 40% da energia do combustível em energia elétrica.

Como na indústria e em prédios comerciais é muito comum o uso do calor (para produzir vapor ou água quente), os sistemas de cogeração foram desenvolvidos onde é possível aproveitar as perdas térmicas provenientes do processo de geração de energia elétrica.

Assim, é possível aumentar significativamente o aproveitamento dos sistemas, reduzindo as perdas a valores que chegam, em alguns casos, a apenas 10%. 

Integração e automação de sistemas

Integração e automação entre os sistemas de um mesmo processo podem trazer ganhos significativos também, fazendo com que alterações de parâmetros sejam rapidamente identificadas e correções sejam realizadas de forma autônoma, aproximando a empresa da maturidade energética.

Determinar quais são os equipamentos necessários para cada atividade produtiva é essencial para utilizar o mínimo de capacidade necessária. 

Segmentação de sistemas de iluminação e compressão

A segmentação de sistemas de iluminação e compressão são práticas que podem levar a reduções significativas de custos. A primeira alternativa possibilita a instalação de circuitos independentes que são ativados somente quando há a necessidade de iluminação, reduzindo o desperdício de energia e “aumentando a vida útil como um todo”. 

O mercado ainda disponibiliza sistemas inteligentes que conseguem analisar o nível de luminosidade do local e ajustar a potência do sistema, uma tecnologia que, se bem aplicada, pode até auxiliar no aumento dos resultados de empresas varejistas por exemplo, que utilizam a iluminação como uma estratégia para melhorar a experiência dos clientes, criando ambientes mais aconchegantes e agradáveis. 

Já o seccionamento de sistemas de compressão trazem vantagens operacionais, pois reduzem o esforço dos compressores associados, que podem atuar em zonas de operação mais eficientes, reduzindo o consumo, diminuindo custos de manutenção e aumentando a vida útil dos equipamentos. O fato é que a redução do consumo já deixou de ser somente um objetivo estratégico e, se tornou uma responsabilidade socioambiental. 

Sabendo disso, as empresas que realmente almejam se orientar a um futuro cada vez mais eficiente, devem endereçar este tema desde a concepção e construção de seus ativos.

eficiência energética

Como implantar um plano de eficiência energética na sua empresa

Se você chegou até aqui, já está pensando em como aproveitar essas informações e construir um plano de ação o quanto antes, não é mesmo? Mas, por onde começar?

Pela ISO 50001, que é baseada na estrutura de metodologia contínua PDCA (Plan, Do, Check, Act) incorporando a gestão de energia nas práticas organizacionais já existentes. 

Em seguida, é preciso:

Planejar sua operação

É fundamental entender o contexto atual da sua organização, quão maduro este tema está dentro das discussões da alta gestão, se já existe ou não uma equipe de gestão energética e o quão comprometida a organização está com essas mudanças. O próximo passo é a definição de uma política energética clara, que será comunicada a toda a organização. Segundo a ISO 50001, podemos definir uma política energética:

  •  apropriada ao propósito da organização;  
  • que forneça uma estrutura para o estabelecimento e análise crítica dos objetivos e metas energéticas; 
  •  que inclua um comprometimento em assegurar a disponibilidade de informações e recursos necessários para alcançar objetivos e metas energéticas;
  •  que englobe um comprometimento em satisfazer requisitos legais aplicáveis e outros requisitos relacionados à eficiência energética, uso da energia e consumo da energia;
  • que inclua um comprometimento com a melhoria contínua do desempenho energético e do SGE;  
  • que apoie a aquisição de produtos e serviços energeticamente eficientes que impactem o desempenho energético;  
  • que apoie as atividades de projeto que considerem a melhoria do desempenho energético.

Um dos resultados da implementação de um sistema de gestão de energia (SGE), através das boas práticas propostas pela ISO 50001, é a criação de um documento vivo, que deve ser revisto periodicamente e ser acessível  a todos. Após a estruturação de uma equipe e a construção de uma política energética, será necessário definir um escopo de atuação para:

  • Mapear os riscos e oportunidades associados;
  • Identificar quem são os usos significativos de energia (USE’s);
  • Construir os indicadores de desempenho energético (IDE’s);
  • Definir a linha de base energética (LBE’s);
  • Estabelecer os objetivos e as metas energéticas;
  • Os planos de ação necessários para alcançar os objetivos propostos anteriormente.
ISO 50001

Colocar em prática seu planejamento

Nesta etapa, é crucial se atentar à implantação da proposta para assegurar o desempenho, a qualidade e a confiabilidade da operação. O controle, manutenção e uma comunicação clara e alinhada são fortes aliados no sucesso desta etapa e, certamente, vão auxiliar a sua empresa a alcançar a maturidade energética.

Acompanhar o desempenho da sua operação

Se você estiver nos primeiros passos da sua jornada, provavelmente, não tem um sistema de medição remota. Aqui é válido ressaltar que esta fase tem como objetivo validar as suas ações, com base nos indicadores comentados anteriormente. Assim, uma análise de redução de custos, baseada no histórico de faturas, poderá ser uma boa alternativa.

Quanto maior o nível de granularidade da informação, mais precisa e confiável será sua base, garantindo que as melhorias implementadas realmente surtam efeito.

Identificar melhorias na sua operação

Como trata-se de um processo cíclico, a tomada de decisões deve ser feita com base nos resultados obtidos. Nesta etapa, você deve ter em mente três conclusões deste processo:

  1. O plano de ação foi um sucesso, com redução ao máximo do consumo de energia no escopo proposto;
  1. O plano de ação foi um sucesso, mas ainda existem oportunidades de melhoria dentro deste mesmo escopo;
  1. O plano fracassou e a empresa não obteve o resultado esperado.

Independente de qual foi o seu resultado, o próximo passo será o mesmo. Revisar o plano, identificar melhorias a serem feitas e atuar sobre elas para alcançar a maturidade energética. Lembre-se: a implementação de um sistema de gestão de energia (SGE) exige atenção constante. 

Você pode investir e obter os equipamentos mais eficientes do mercado para o seu processo, mas se não tiver uma política energética bem definida e uma cultura consciente e alinhada aos seus objetivos, logo voltará para o mesmo patamar em que se encontrava antes de investir na modernização da sua empresa.

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