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Por Pedro Thomaz, Product Owner na Way2 | 16 outubro, 2020 | 0 Comentário(s)

Medição setorial em ações de eficiência energética

A medição setorial representa um papel fundamental na busca por uma maior eficiência operacional. Pode ser aplicada em supermercados, indústrias, shopping centers e outros empreendimentos que demandam grande quantidade de energia.

submedição de energia

Em tempos de crise, muitas companhias vêm sendo forçadas a repensar suas principais estratégias para obtenção de uma maior vantagem competitiva em um mercado cada vez mais acirrado. Diante da dificuldade de expansão de seus negócios e consequente estagnação ou até redução de suas receitas, muitas agora voltam seus esforços em busca de uma maior eficiência operacional.

Apesar de apresentarem considerável variação conforme tamanho e setor de atuação da empresa, é bastante comum que os custos com energia elétrica representem um dos principais desafios da operação, assim como folha salarial, aluguel, logística, manutenção, combustíveis, matéria-prima, etc.

Diante desse cenário, aliado ao surgimentos de novas tecnologias e políticas públicas aplicadas ao setor elétrico, houve uma grande fomentação na busca por resultados em economia energética. Dentre as principais estratégias adotadas, pode-se citar novas formas de contratação e compra de energia, como a migração para o Ambiente de Contratação Livre (ACL) ou pela adoção de um sistema de Geração Distribuída de Energia (GD)

A busca por eficiência energética nas empresas

Nesse contexto, surge o interesse por uma utilização mais racional e eficaz da energia elétrica dentro das empresas e indústrias através de ações de melhoria em eficiência energética.

Para ilustrar esse cenário, pode-se observar através da Figura 1, a estimativa realizada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em relação à projeção da quantidade de consumo de energia evitado em decorrência de práticas de eficiência energética. É possível identificar que é esperado que estas ações façam com que a economia, que ao fim do ano de 2019 foi de 2,28 TWh, o que representa apenas 0,4% do consumo do ano de 2019, passe para o patamar de 41,22 TWh em 2029, 10 vezes superior em relação ao consumo anual.

empresa de pesquisa energética
Figura 1: Projeção de consumo de energia elétrica evitado, em TWh, decorrentes de ações de eficiência energética. Fonte: Plano Decenal de Energia 2029 – Empresa de Pesquisa Energética – EPE.

Antes de dar o primeiro passo para tomada de ações visando uma maior eficiência no consumo de energia, é necessário saber onde se encontram os maiores potenciais de ganho. No caso das instituições que possuem várias unidades físicas, estas oportunidades costumam se encontrar dentro daquelas mais eletrointensivas, facilmente identificadas através de uma análise de suas faturas de energia.

Identificando gargalos de consumo para ações estratégicas

Após identificadas estas unidades com maiores potenciais de ganho energético, para se atingir um monitoramento eficaz, deve-se monitorar os diferentes perfis de carga, extraídos através de uma análise de dados coletados pelos medidores, geralmente instalados nos variados quadros elétricos ali presentes.

Esta medição realizada em pontos específicos dentro de uma unidade consumidora é chamada de medição setorial, e possui como principal objetivo propiciar o gerenciamento diferenciado para os diversos tipos de carga ali presentes, tornando a gestão muito mais eficiente do que aquela realizada simplesmente pela análise dos dados coletadas pelo medidor da distribuidora, localizado no ponto de entrada (também chamado de ponto de conexão).

Isto se torna possível, especialmente devido ao fato da medição de entrada não separar dados provenientes destes diferentes sistemas, como iluminação e climatização, por exemplo. Isto acaba impossibilitando que sejam traçados perfis de carga individuais, uma vez que perfis completamente diferentes são avaliados conjuntamente. Já a medição setorial por sua vez, além de permitir a formação destes perfis, também possibilitará o gerenciamento diferenciado de cada um deles, de forma a auxiliar toda e qualquer ação de eficiência energética potencialmente aplicada ao local.

A disposição destes pontos de medição, e consequente monitoramento, poderá variar dependendo do perfil de consumo da unidade, assim como o objetivo e os recursos disponíveis para desempenhar esta função. Conforme mencionado, é bastante comum encontrar estes medidores instalados em quadros elétricos já presentes, que possuem a função de  ramificar os circuitos internos, separando as cargas e desempenhando papéis de proteção e controle.

Alguns exemplos destes quadros são aqueles aplicados à proteção de sistemas de climatização (HVAC), iluminação (QDL), ventilação/exaustação, bombas, maquinário, entre outros.Nas instalações mais antigas a disposição destes quadros é dada conforme normas de segurança e proteção pré estabelecidas. Porém, nas instalações mais modernas, além de considerar estas questões, o projeto elétrico costuma ramificar estes circuitos e seus quadros, já levando em consideração a disposição de pontos para um gerenciamento eficaz de energia, atribuindo àquelas instalações características inerentes às presentes nas construções verdes.

submedição de energia

Medição setorial de energia: onde aplicar?

Para elucidar práticas de aplicação do gerenciamento setorial, confira a seguir alguns exemplos de como este conceito pode ser útil no dia-a-dia de grandes consumidores.

Supermercados e edifícios corporativos

Em supermercados, é bastante comum encontrar setores que demandam uma grande quantidade de energia, especialmente devido a grande necessidade energética imposta pelos seus grandes sistemas de climatização, refrigeração, iluminação, etc. Caso identificado um gargalo no sistema de climatização, por exemplo, caberá ao gestor tomar uma série de ações que podem variar, desde a realização de manutenção de seus equipamentos de ar-condicionado, como também a adoção de medidas mais severas como troca de aparelhos por aqueles com um melhor coeficiente de performance (COP).

Vale citar também que, no caso de unidades muito grandes como edifícios corporativos, pode-se optar pela instalação destes medidores ao longo de seus andares, o que permitirá a análise do perfil de carga de cada equipe da companhia por exemplo, visto que na maioria das vezes estas também se encontram dispostas em espaços físicos contíguos. 

Dessa forma, fica muito mais fácil mobilizar e conscientizar aquelas equipes que apresentam discrepâncias de consumo em relação ao esperado de acordo com o perfil previamente traçado, facilitando a difusão das boas práticas de utilização de energia dentro da empresa.

Shopping centers

Um outro exemplo para utilização do gerenciamento setorial de energia no âmbito comercial é o rateio de custos praticados por um shopping. Muitas vezes, as lojas de um shopping não possuem entradas de energia advindas diretamente da distribuidoras, consumindo a energia adquirida pelo shopping de forma indireta.

A fim de ser remunerado pela energia entregue às lojas, cabe ao shopping realizar a cobrança da energia entregue a elas e, para que esta cobrança seja realizada de maneira justa, deve-se simular os custos de cada uma individualmente. Para isso, é fundamental a presença de pontos de medição de entrada de energia para cada um destes sub-estabelecimentos.

Indústrias

Por último, não pode-se deixar de citar também a classe industrial, que dentre todas, costuma ser aquela representada pelas unidades mais eletrointensivas. Neste caso, a medição setorial mais do que nunca representa um papel fundamental na busca por uma maior eficiência operacional, podendo ter uma aplicação bastante interessante.

Assim sendo, pode-se optar pelo gerenciamento de pontos dispostos ao longo das entradas de energia destinadas a cada etapa do processo de produção, dando uma visibilidade muito maior sobre como cada etapa de seu processo utiliza energia e o impacto de cada uma em relação aos custos totais.

Para elucidar este ponto, pode-se citar as diversas atividades de uma indústria têxtil, por exemplo. Conforme citado, pode-se adotar a instalação de medidores que monitoram o perfil em locais que estão diretamente relacionados a cada processo — desde a produção dos materiais (monitoramento das máquinas de costura), passando pelo corte (máquinas de corte), armazenamento (iluminação), até a sublimação, onde ocorre a impressão da estampa através sua prensa no tecido, geralmente em altas temperaturas. 

Assim, através da medição setorial, pode-se identificar aquela área onde a indústria despende mais energia, facilitando identificação de gargalos, tomada de ações estratégicas de trocas de equipamentos, bem como a difusão de boas práticas de utilização dos equipamentos para as diversas equipes de cada linha de produção. 

Além disso, muitos medidores também contam com um sistema de automação, capazes de cortar ou acionar cargas. Isto pode ser muito útil para garantir que determinada área não gaste energia durante o período de não-operação.

Portanto, diante de tantas aplicações da medição setorial em cada empreendimento, caberá ao gestor de energia definir a melhor estratégia de gerenciamento, levando em consideração não apenas seus objetivos, mas também a quantidade de recursos presentes para a tomada de ações estratégicas e assertivas focando em uma maior eficiência operacional, pois não adianta possuir uma grande rede monitoramento sem que seja possível identificar e tratar eventuais gargalos de consumo.

A setorização deste monitoramento é uma necessidade cada vez mais presente diante de um implacável mercado, onde a falta de uma gestão eficaz sobre este recurso tão impactante financeiramente poderá vir a representar uma grande barreira rumo ao sucesso das grandes corporações.

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